quinta-feira, 2 de maio de 2013

Mais uma tentativa de harmonizar vinho com moqueca

E vamos nós, Tereza e eu, mais uma vez, dar vazão a esse nosso irresistível instinto científico : qual o vinho que harmoniza bem com moqueca de peixe à baiana ?

A moqueca, todo mundo conhece - bom peixe fresco, cebolas, tomates, pimentões, azeite de dendê, leite de coco, coentro ... Dá água na boca, só de escrever sobre isso : a gente quase chega a sentir os aromas !

Há quem diga - e não sem razão - que uma cervejinha gelada talvez seja a melhor combinação para escoltar uma moqueca. Mas - ai de nós ! - a gente vive querendo beber vinho ... O negócio é ir tentando ...

Na verdade, já fizemos boas harmonizações com vinhos brancos da uva chardonnay (é o que a boa literatura sobre vinhos recomenda). Também já tentamos umas coisas que não deram muito certo - torrontés, riesling, gewürztraminer.

Mas a ciência não pode parar ! Vamos nós, como se fossemos Pierre e Marie Curie redivivos, prosseguir em nossos experimentos em prol dos conhecimentos !

Optamos, desta vez, por um vinho bem diferente : um riesling, sim, mas um riesling australiano. Foi o The Dry Dam Riesling d'Arenberg 2011. O d'Arenberg é um produtor australiano de mais de cem anos, que tem duas marcas registradas : os nomes engraçadinhos de seus vinhos, e as tentativas (bem-sucedidas, ao meu ver) de produzir na Austrália, no Vale do McLaren, vinhos típicos da França. Já comentei aqui no blog um dos meus preferidos de lá, o The Stump Jump. Se você ficou curioso, leia aqui.

The Dry Dam tem esse nome pelo fato de, segundo o produtor, as primeiras vinhas terem sido plantadas ao lado de um açude que jamais se encheu de água - ou seja, um dry dam.

O vinho tem um aroma floral marcante, com notas cítricas. De coloração muito clara, com leves reflexos amarelados, na boca ele se apresentou intenso e marcante - um vinho original, pra dizer o mínimo. Assim que a garrafa foi aberta, os sabores e aromas minerais sobressaíam. Depois de algum tempo, esses aromas mais duros amaciaram, e predominância eram os florais. Interessante como, ao longo da noite, ele foi se modificando : no final do jantar, ele estava quase doce, parecendo um vinho de sobremesa ... Muito curioso !

E harmonizou com a moqueca ? Bem, a gente chegou a conclusão de que estava apenas razoável ... O melhor momento foi mesmo quando os aromas florais se sobrepunham, mas deixando perceber, lá no fundo, aquela coisa mineral - um troço a que alguns autores se referem como "pedra-de-isqueiro". A combinação e o bom equilíbrio entre esses dois extremos ajudou a harmonização com a moqueca - que, a propósito, estava deliciosa !

Enfim, parece que a harmonização perfeita da moqueca é mesmo com os velhos e bons chardonnay ... ou você prefere a sua com uma cervejinha ?

11 comentários:

Alexandre disse...

chardonnay com madeira ou sem ?

Nivaldo Sanches disse...

Alexandre, na minha opinião, chardonnay SEM madeira ... Acho que a madeira mascara demais a fruta e, no caso da moqueca, vai se sobrepor a todos os outros sabores. Eu tentaria sem madeira ..

Grande abraço !

Anônimo disse...

Azeite de dende? Leite de coco? Você está falando de peixada, não de moqueca.

Nivaldo Sanches disse...

Olá, seu nome não apareceu na lista, Anônimo ...
Bem, não sou nenhum especialista, mas se a gente bota "moqueca" no Google, aparecem dezenas de receitas com muitas variações, mas quase todas levam azeite de dendê e leite de coco. Há uma variação, a chamada moqueca capixaba, que não leva dendê, e leva um corante/tempero chamado urucum ... O que você chama de moqueca ? Compartilhe com a gente !

Abraços !

Unknown disse...

Nivaldo, tenho uma sugestão, que já testei.
Tente um branco da região de Beira Interior - Portugal.
Um abraço

Antonietto

Unknown disse...

Sugestão:
Um branco da região de Beira Interior, Portugal.

Um abraço

Antonietto

Nivaldo Sanches disse...

Boa ideia, Antonietto, já provei bons brancos da Beira, mas nunca com moqueca ... Vou tentar, prometo !
Obrigado pela dica.

Anônimo disse...

Ontem fiz um jantar para amigos, e o prato adivinha? Moqueca Baiana, servi o vinho Amalaya Blanco 2012 e achei o resultado excelente! Marisol

Nivaldo Sanches disse...

Olá, Marisol, obrigado pelo comentário ! O Amalaya Blanco é um vinho argentino que tem uma combinação bastante original - a velha e boa riesling, originária da Europa Central, com a torrontés, essa uva enigmática com a qual os argentinos andam produzindo vinhos muitíssimos agradáveis. Vou seguir sua sugestão e arriscar, uma hora dessas. Afinal, o nome "Amalaya" significa, em linguagem indígena local, "esperança de um milagre" ... Quem sabe o milagre em questão não é exatamente a harmonização perfeita com moqueca ?!?

pri_santos disse...

Eu vou comer moqueca amanhã e tentarei os seguintes: pecorino, roussanne, rhône branco e um branco italiano (chardonnay com ribolla). vamos ver...

Nivaldo Sanches disse...

Ótimo, Pri, obrigado por seu comentário ! É uma excelente seleção de vinhos brancos - conte pra gente, depois, como foi sua experiência. Sobre a ribolla : há algum tempo, provei um delicioso vinho branco da Eslovênia, chamado Marjam Simcic, feito de uma uva chamada rebula - é a mesma ribolla gialla da Itália, aliás proveniente de uma região que faz fronteira com a Eslovênia. Não experimente este vinho com a moqueca, mas com comida japonesa, e a combinação foi excelente !!!

Abraços, volte sempre !

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