terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Chardonnay, chardonnay e chardonnay

Sábado tivemos um daqueles deliciosos jantares com nossos queridos amigos campineiros, a Cláudia e o Walther, nos quais a gente se dedica a provar novos vinhos ou a se deliciar de novo com "velhos amigos", vinhos que a gente já bebeu e fica com saudades ...

O jantar foi o famoso peixe com bananas da Tereza, que já entrou para o nosso cardápio definitivo - mas desta vez inovamos nas bebidas.

Isto é, inovamos em parte - decidimos que um bom vinho branco geladinho, de uvas chardonnay seria, sem dúvida, o melhor acompanhamento para o jantar, tanto por conta do casamento perfeito da untuosidade cremosa e ácida do chardonnay com o peixe e com as bananas, como por conta do calorão que tem assolado Sampa nas últimas semanas.

A inovação ficou por conta da experimentação com os vinhos - uma brincadeira que se mostrou deliciosa e extremamente didática.

Optamos por três tipos de chardonnay, que já sabíamos (pela literatura e por nossa própria experiência) bem diferentes entre si.


O primeiro foi um Fetzer Chardonnay 2009, um californiano que, surpreendentemente, não passa por madeira, ou passa apenas rapidamente, de forma que não se notam os aromas característicos do carvalho. É um vinho de bela coloração amarelo brilhante, com aromas de maçã e abacaxi, um toque amanteigado (virá de uma fermentação malolática ou da própria uva ? Confesso que não descobri ...). Na boca, pareceu um tantinho adocicado, mas preservava um bom frescor e acidez. Em suma, qualidades razoáveis para um vinho desse preço (cerca de 25 reais). Curioso é que a vinícola Fetzer, californiana, foi recentemente comprada pela chileníssima Concha y Toro.


A seguir, mudamos de latitudes e provamos um argentino, o Finca La Linda Chardonnay 2010, um típico mendoncino (produzido pela Luigi Bosca) que nos pareceu superior ao primeiro. Muito menos doce e com maior acidez, com aromas marcados de maçãs e pêras, e um leve toque de mel.


Terminamos com nova mudança de continente, e fomos agora ao rei dos chardonnay : um Chablis Louis Latour 2010, fresco e vibrante. O aroma do Chablis é um clássico entre os enófilos, já que reúne as características da fruta com a mineralidade do solo da região, que fica ao norte da Borgonha. O solo (que já foi o fundo de um mar) é formado por microscópicos fragmentos de conchas, que conferem ao Chablis um aroma único.

Conclusão - o Chablis foi o melhor vinho da noite, disparado - mas a melhor combinação com a comida talvez tenha sido dada pelo argentino.

Conclusão 2 (e mais significativa para nós) - não se pode, absolutamente, atribuir todas as características de um vinho apenas à uva com a qual ele foi produzido ... Eram três chardonnay, mas eram três vinhos completamente diferentes entre si. Nada, absolutamente nada, nos levaria a pensar que se tratava da mesma uva nos três vinhos, se a gente tivesse feito uma degustação às cegas ... Iríamos cair do cavalo ...

Fica, pois reafirmado o princípio dos três Gs que "compõem" o vinho - grape (a uva), ground (o terreno) e guy (a influência e a tecnologia adicionadas pelo homem).

2 comentários:

Alexandre Zacheo disse...

Nivaldo,
Muito bom este post.
Sou fan declarado de Chardonnay. Apesar de ser uma uva bastante adaptável ao redor do mundo, cada região e safra produz vinhos com sua particularidade, o que nos faz sempre ter um para provar. Dos mencionados neste post, não conheço o Fetzer, mas irei. Para o dia a dia, sempre opto pelos Argentinos, com destaque para o Doña Paula.
Abs.

Nivaldo Sanches disse...

Grande amigo Zacheo, fico muito feliz em "vê-lo" por aqui !

É verdade, a chardonnay gera resultados muito diferentes de acordo com o país, o terroir, as técnicas e vinificação ...

Essa é uma das boas coisas do mundo dos vinhos : explorar essas semelhanças e diferenças. Sempre há um vinho novo ou desconhecido para provar !

Abraços, venha mais vezes !

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