quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ainda os "vinhos suaves" - polêmica !

Meus amigos, eu sabia que meu post anterior, falando sobre os tais "vinhos suaves", iria render polêmica - mas acho que eu não esperava agressões como esta que recebi - transcrevo o texto na íntegra :

"Só pra te informar na Argentina se usa a uva que bem se entende.Boa parte dos vinhos que vocês idolatram tem corte de "mission", "crioja" e outras "coisas mais". No Brasil exite a tradição e a cultura de consumir vinhos com gosto de uva,que são obtidos vinificando-se uvas americanas ou híbridas.Na Europa não há esse costume e a legislação evita que ele se alastre.O famoso e proibido fragolino da Itália é feito com Isabel.A carga genética da uva não é capaz de determinar a qualidade do vinho, apenas traz algumas características.Portanto por favor, em nome do bom senso pense bem antes de escrever tamanhas besteiras. Atenciosamente Stevan Grützmann Arcari."

Pra começo de conversa, uma informação : o Stevan Arcari é enólogo de uma Estação Experimental em Urussanga, Santa Catarina, e está lançando um vinho feito de uvas goethe - ou seja, ele é parte pra lá de interessada nessa discussão, já que eu falei mal exatamente dos vinhos do tipo que ele está produzindo por lá ...

Ao invés de simplesmente autorizar a publicação do comentário mal-educado, eu preferi colocá-lo aqui, em um post específico, para poder responder com mais espaço. Vamos lá :

O argumento de que "os outros fazem, porque eu não posso fazer também ?", por si só, é lamentável - não vou nem perder muito tempo com ele. Lembra alguns sujeitos do PT, na época do mensalão, dizendo "só fazemos o que todos fazem". É claro que há produtores picaretas na Argentina que misturam cepas não-viníferas aos seus vinhos. Devemos imitar esses caras, ou aqueles que estão trabalhando a sério e disputando pra valer o mercado internacional com produtos de qualidade elevada ?

O Fragolino italiano é UM vinho produzido na Itália com uvas não-viníferas, está muitíssimo longe de ser a tônica dos vinhos italianos, como é dos vinhos brasileiros. É uma curiosidade do norte da Itália, que a União Européia não está aceitando como "vinho" em seus territórios. Você certamente não acha que a União Européia está com medo que o seu mercado seja abalado pelo humilde Fragolino, né ?

A seguir, o enólogo nos informa que a carga genética não é fundamental para a qualidade do vinho. Deve ser isso o que imaginam aqueles produtores, espalhados por todo o interior do nosso país, que produzem nos seus quintais "vinhos" de abacaxi, de maçã, de figo ... Na verdade, por essa ótica, se a carga genética é pouco importante, dá pra produzir "vinho" de qualquer material orgânico que possa fermentar - uvas não-viníferas, cascas de batatas, arroz, sei lá. Continuo achando que isso não é vinho.

Felizmente, você, Stevan, tem a total liberdade de não ler as "tamanhas besteiras" que eu escrevo no meu blog - como eu tenho a total liberdade de não beber os "vinhos" que você produz.

24 comentários:

Pablo disse...

Nivaldo, realmente interessante o debate. Gosto disso, não importa se tem pessoas que discordam, o blog está crescendo e vc toca em assuntos cada vez mais interessantes. Pessoaolmente tenho me dedicado a espalhar o blog, vc sabe que como Argentino que sou recebe muitas consultas,e alem das recomendações de marcas e vinhos, teu blog esta sempre na minha lista.
Em relação ao "vinho suave", sempre achei engraçado o conceito aqui no Brasil, conhecí ele viajando no Mato Grosso, minha namorada pidou um vinho e na hora de probarlo começei dar risada...
Sem estresse, é algo cultural e que naõ é outra coisa que isso. Vamos continuar conversando de vinhos "de verdade".
Grande abraço.

Daniel disse...

E o Chopp de Vinho então? Pqp...

Victor Beltrami disse...

Eu fico impressionado que um cara que estudou, provavelmente um curso universitário, que deveria resguardar pela integridade de uma classe e promover vinhos de qualidade se presta a entrar em uma discussão saudável como esta para falar tanta bobagem e defender, em outras palavras, o já tão difundido "jeitinho brasileiro" pra imitar porcarias de outros cantos do mundo. Lamentável.
No mais continue o excelente trabalho com o blog, acaba de ganhar mais um fã.

Nivaldo Sanches disse...

Taí, Pablo, concordo com você - é legal e até (ouso acrescentar) divertido polemizar ... Dá uma certa animada, uma "mexida" no contexto do blog ...

Obrigado pelo apoio - continue bebendo e seguindo o blog !

Abraços

Nivaldo Sanches disse...

Daniel, chopp de vinho, realmente, é demais pro meu estômago ...
Só espero que não apareça agora um produtor de chopp de vinho pra me desancar ...

Bem vindo, volte mais vezes !

Abraços

Nivaldo Sanches disse...

Grande Vitor, obrigado pelo apoio !

Apareça mais vezes por aqui, e contribua com suas experiências - que eu sei que são vastas - nesse mundo dos cachaceiros ...

Anônimo disse...

Sempre que alguém generaliza países estrangeiros como bons produtores e vitivinicultores brasileiros como enganadores eu me altero. Generalizações são uma idiotice.

Você não precisa provar os vinhos de híbridas e americanas bem elaborados que existem no Brasil, mas é bem mais mal educado do que eu generalizando todos como produtos ruins frutos de má-fé.

Sobre genética prefiro que o senhor procure um biólogo ou um agrônomo pós graduado nesta área. Ele lhe explicará melhor. (e tem bastante para aprender)

Ao Vitor: Eu não defendo imitar porcarias, mas sim produzir um vinho de híbridas e americanas de qualidade para um público específico, se vocês consideram-se seres superiores por não gostarem desses produtos, paciência.

O Chopp de vinho é algo muito polêmico, e existem em outros países produtos parecidos e também polêmicos.

Então Sr. Nivaldo, eu considero mais mal educado do que responder grosseiramente, a ação de informar sem propriedade no assunto; o senhor expôs sua opinião como dono da verdade e isso ofende, então sinto-me no direito de responder em mesmo tom.

Nivaldo Sanches disse...

Fica aqui registrada sua opinião, Stevan.

A polêmica acabou, conclua cada leitor por si.

vinícius disse...

só digo uma coisa, são gostos e paladares, só não vale desvalorizar o produto que o consumidor gosta e obriga-lo a trocar por um que n goste, e o Stevan n tah imitando as porcarias quem fazem lá fora concerteza, está oferecendo um tipo de vinho que tem pessoas que apreciam, e p/isso tb precisa-se de profissionais estudados no assunto, DAR O VINHO QUE O POVO QUER BEBER.

CHOPP DE VINHO ou VINHO C/UVA ISABEL, QUAL VCS RECUSARIAM PRIMEIRO?

Julio Cesar disse...

Parabéns ao Blog, parabéns pela abertura dessa discussão... muito importante.

Mas reveja seus conceitos generalizadores pois existe vinho bom e ruim em todo mundo. Já passamos da época em que pessoas por pensar diferente eram queimadas vivas...

Provo vinhos de todos continentes e tem sim muito vinho bom no Brasil!

Abra sua cabeça amigo!!! (AMBOS)

Nivaldo Sanches disse...

Caro Julio Cesar, obrigado pelos comentários !
Eu tinha decidido não voltar ao tema polêmico, pois acho que tudo já foi dito - mas, só para deixar claro : acho que no Brasil são fabricados ótimos espumantes, bem melhores do que os proseccos básicos que se vendem aos litros por aqui. Acho também que fabricamos alguns brancos muito bons, especialmente com Sauvignon Blanc, que tem dado melhores resultados que a Chardonnay. No terreno dos tintos, acho que temos ainda muito a melhorar - é o ponto mais fraco. Continuo experimentando, sempre que possível.
A polêmica toda estava focada nos vinhos feitos à base de uvas não-viníferas - esses, acho definitivamente ruins.
E concordo inteiramente com você - o pensamento diferente do nosso areja a discussão e leva ao esclarecimento. Jamais deixei de autorizar a publicação de um comentário, mesmo os ofensivos, exatamente por pensar como você.
Grande abraço , apareça mais vezes por aqui !

Gerson Bosco disse...

É isso aí Nivaldão! Quem não quizer ter dor de cabeça (literalmente) deve ficar longe dessas bebidas. Mas mudando de assunto. E os africanos? Mas não quero só os da África do Sul, minha viagem é longa...

Nivaldo Sanches disse...

Putz, Gerson, você agora me derrubou completamente ...risos ... Vinhos africanos, sem ser da África do Sul ? Não conheço nadinha ... Inda mais na sua rota - sei (por ouvir dizer, nunca bebi) que há vinhos razoáveis no norte da África, no Marrocos e na Tunísia.
Mas Tanzânia, Quênia, Zimbabwe, Etiópia, Sudão, Egito ?

Vamos fazer o seguinte - você, nesse seu trajeto, é que vai buscar os vinhos locais e alimentar nosso blog com essas informações, que tal ?

Lembre-se de postar lá no seu blog (Tô na África !!), que promete sem fantástico, e eu copio pra cá !

MondoVinho disse...

Nivaldo, bela polêmica!
Eu, como italiano, a primeira vez que me deparei em um vinho “suave” foi justamente aqui no Brasil. Experimentei um, e não gostei; fiz questão de provar mais de um para não me deixar influenciar por aquela primeira escolha, mas os outros foram até piores...!
Além das uvas em si, existe ainda o problema da chaptalization (adição de açucares ao mosto) o que os torna praticamente incombináveis com qualquer tipo de comida, ao não ser o café da manhã....” rsrsr
Brincadeiras a parte, verdade que é questão de cultura e hábito, e que gosto não se discute, mas em minha opinião existem produtos objetivamente melhores que outros.
Tipo: alguém vai querer comparar chocolate brasileiro com o suíço? Quem sabe, sabe...
Abraço, meu amigo!

Adalberto disse...

Nivaldo,
Podemos então definir....gosto é gosto.....vinho é vinho.......depois de provar tudo que já pudemos provar, estes tais softs nem de graça.
Parabens pelo blog e especialmente a este post. Tá ficando realmente animado. E viva o Keep Cooler!

Nivaldo Sanches disse...

Mário e Adalberto - nada como uma boa polêmica para agitar o pedaço ! Dá discussão nascem a luz (como dizia o filósofo) e os perdigotos (como dizia o Jânio Quadros) ...

A verdade é que o número de acessos ao blog praticamente dobrou nestes dias de polêmica !

Mario, quanto à chaptalização, essa é outra polêmica à parte : você sabe que todos os produtores do mundo negam fazê-la, mas ... há quem diga que todos fazem, em maior ou menor grau ...

Adalberto, deixemos o Keep Cooler para o nosso grande amigo Figueira, que costuma se embebedar com ele ... risos ...

Abraços !

Blog do João Ratão disse...

Men and women, please beware....


Vinho suave tem a ver com o acucar residual do vinho E NAO COM SER FEITO DE VITIS VINIFERA OU NAO.

Se ele he de MESA OU FINO sim que tem a ver com o fato de ser feito com uvas americanas ou europeias.

vinho suave fino = sauternes. Surpresa???

vinho suave de mesa = sangue de boi.

Evelyn Fligeri disse...

Tô atrasada! rsrsrsr... Como eu perdi essa discussão... Não vou me perdoar nunca! rsrsrsr
Nivaldo, por isso que eu amo seu blog: seu papel aqui é expor a sua opinião. Ninguém é obrigado a concordar... Isso se chama espírito crítico!!!
Beijos
Evelyn

Anônimo disse...

Nivaldão

Não entendo porra nenhuma, mas depois que você me ensinou o que é **putonios** , ponho a maior fé no seu conhecimento. Eu acho que você está certo.

Um abraço
Alemão

Nivaldo Sanches disse...

Valeu, Alemão !!! ... risos ... Mas não se deixe levar pelo meu suposto "conhecimento" - beba você mesmo e tire suas próprias conclusões !

Grande abraço !

Nivaldo Sanches disse...

Evelyn, obrigado pelo apoio - mas, ainda que atrasada, sua opinião é sempre extremamente valiosa - não fosse você uma grande bebedora de vinhos ...

Beijos !

Nivaldo Sanches disse...

João Ratão, João Ratão, tinha que ser você para botar mais tempero (ou mais açúcar residual) nesta discussão ... risos ...

Mas o seu exemplo ratifica o meu próprio raciocínio : o Sauternes é feito de vitis vinifera, o Sangue de Boi é feito de outros tipos de uva, as chamadas uvas de mesa ...

Pessoalmente - e eu sei que se trata de uma afirmação ousada ! - eu acho o Sauternes melhor do que o Sangue de Boi ...

Abraços !

Anônimo disse...

Estimados,
O Sr. Estevan, que se diz conhecedor e tenta falar em genética, usa o conceito de carga genética de forma completamente equivocada. Acho que ele faltou de suas aulas de genética 1! Volte aos livros, Sr. Estevan. Carga genética não é isso que o Sr. pensa.
Saludos,
Jorge

Anônimo disse...

Ai meu Deus! Mais um para falar bem de vinho com açúcar! Melhor deixar pra lá!!

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