sexta-feira, 29 de julho de 2011

Grécia - história, democracia, filosofia e muitos vinhos

Minha jovem amiga Michelle, leitora e apoiadora deste blog desde os seus primeiros tempos, flanando em viagens românticas pela Europa, me manda de lá a sugestão - por que não escrever sobre os vinhos gregos ?

Michelle estava em Santorini, a deslumbrante ilha vulcânica que faz parte do arquipélago das Cíclades, no mar Egeu - e naturalmente andou provando os vinhos gregos, e gostou.

Visitar a Grécia é, sem dúvida nenhuma, visitar o passado glorioso da humanidade - você anda pelas ruas e sente, na pele, o peso da História, a invenção da democracia, a invenção do teatro, da filosofia - numa palavra, do conhecimento. Para aliviar esse peso todo, nada como uma tacinha ou duas de vinho grego - sim, além de História, os gregos entendem também de vinho.

A Grécia produz muito vinho com as conhecidas cepas internacionais - especialmente chardonnay e cabernet sauvignon - mas o charme dos vinhos gregos está nas suas cepas locais, com seus nomes estranhos e quase impronunciáveis.

Vou falar de alguns deles.

Antes, uma informação - lembre-se que o alfabeto grego é diferente do latino. Portanto, quando a gente trata de escrever os nomes gregos no nosso alfabeto, está fazendo aquilo que os entendidos chamam de transliteração. É inevitável, portanto, que alguns nomes possam ser escritos de mais de uma forma. Por exemplo, uma uva local bem famosa é a Agyorgytykos - esse nomezinho pode ser encontrado escrito como agiorgitikos, aghiorghitikos, ou uma dezena de outras formas. É tudo a mesma coisa !

Uvas brancas :


  • Assyrtiko - uva típica de Santorini (bebeu esta por lá, Michelle ?), muito comparada à Chenin Blanc, do Vale do Loire. Produz vinhos cítricos e minerais, mas também produz um ótimo vinho doce, feito com as uvas secas ao sol.
  • Moscophílero - uva de cor entre rosada e cinzenta, muito aromática. Tão aromática que, quando está madura, atrai muitos insetos - daí o seu nome. É cultivada na península do Peloponeso, onde entra na fabricação de vinhos brancos e rosés, e também de alguns espumantes.
  • Savatiano - uva da região da Ática, onde fica a capital Atenas. É muito usada na produção da Retsina, um vinho branco grego típico, ao qual é adicionada uma resina vegetal, que lhe dá um aroma e sabor bem diferentes. Quem assistiu ao filme Shirley Valentine vai se lembrar da personagem central sentada na praia, num final de tarde, bebericando sua tacinha de Retsina.
Uvas tintas :

  • Agyorgytyko - Uma das duas mais importantes uvas gregas. Seu nome quer dizer St. George, como às vezes ela é chamada. Ela é comparada à merlot, com seus vinhos escuros e de taninos macios. Uma denominação famosa por lá é a Nemea, feita com esta uva.
  • Xynomavro - Esta é a outra das duas mais importantes - aliás, foi este vinho que a Michelle bebeu e a levou a me sugerir o post. O seu nome significa preto ácido - e isso já indica o tipo de vinho produzido por ela, escuro e tânico. Ela é comparada, às vezes, à Nebbiolo italiana, que produz os maravilhosos Barolos e Barbarescos. Não é à-toa que a Michelle aprovou ...
  • Mavrodaphne - uva natural do Peloponeso, onde é utilizada na produção de um vinho doce e fortificado, muito apreciado por lá.
  • Límnio - uva da ilha de Lemnos, que produz um vinho de aroma condimentado e terroso. Esta uva tem uma glória particular : ele chegou a ser mencionada pelo filósofo Aristóteles em um de seus textos, há cerca de 2.500 anos ...
Dá ou não dá vontade de conhecer - quando nada, pelo prazer de pronunciar esses nomes tão sonoros ?


4 comentários:

Evelyn Fligeri disse...

Meu sonho é conhecer a Grécia! E beber tudo isso que você acabou de nos ensinar!
Beijo

Nivaldo Sanches disse...

Pois trate de realizar esse seu sonho, Evelyn, o país é realmente desbundante ... Eu sempre me lembro da sensação que tive quando entramos no quarto do hotel em Atenas (que a Tereza havia reservado), eu caminhei até a parede do quarto, abri a janela - e dei de cara com o Partenon !! Simplesmente inesquecível !

Por outro lado, de vez em quando a gente encontra por aqui, no nosso próprio mercado, alguns desses vinhos gregos. São comparativamente baratos, e - ainda que não sejam maravilhosos - vale a pena conhecer.

Beijos !

Silvia disse...

Nivaldo

Simplesmente adoro o filme Shirley Valentine e o assisti mais de uma vez, mas daí a lembrar o que ela está bebendo naquela cena final, só vc mesmo.
Bj
Silvia

Nivaldo Sanches disse...

Pois e, Silvia, esse episódio me define por completo : cinéfilo, cachaceiro e com boa memória ... risos ...

Beijos

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