quinta-feira, 28 de abril de 2011

Escolhendo um vinho alemão na prateleira

Taí - essa é uma tarefa difícil ...

E é difícil por uma série de razões. Pra começo de conversa, os vinhos alemães não são encontrados com muita facilidade por estas bandas. Depois da famosa história dos Liebfraumilch da garrafa azul (uma beberagem adocicada que, sabe-se lá por que razão, vendeu muito no Brasil nos anos 80), os vinhos alemães foram sumindo das nossas prateleiras - em matéria de vinhos europeus, é muito mais fácil encontrar italianos, portugueses, franceses e espanhóis.

Depois, vem o fato de que o idioma é menos conhecido do que os nossos primos latinos - o italiano, o espanhol, o francês.

Por fim - verdade seja dita - porque a classificação dos vinhos alemães é mesmo bem mais complicada do que as dos outros países ... Assim, ler um rótulo de vinho alemão é uma tarefa que demanda um certo esforço - ainda que esse esforço seja largamente compensado pela riqueza do conteúdo das garrafas.

Então vamos lá :

Os vinhos alemães, em geral, organizam-se em quatro categorias (nisso, a legislação não é muito diferente dos outros países europeus). Começando de baixo pra cima : há os Tafelwein (vinhos de mesa, sem grandes atrativos), depois os Landwein (vinhos regionais, talvez comparáveis aos IGT italianos), depois os Qualitätswein (comparáveis às DOC espanholas) e, no topo da lista, como os DOCG espanhóis e italianos, os Qualitätswein mit Prädikat.

Os dois últimos são produzidos necessariamente em uma das treze regiões demarcadas do território alemão, e devem trazer essa informação no rótulo. Cada região, é claro, tem suas características próprias - como seria na Toscana ou Piemonte, ou em Bordeaux e Borgonha, ou Rioja e Toro, e assim por diante. As regiões são as seguintes :
  • Ahr - a maior parte da produção é de tintos leves.
  • Baden - vinhos mais alcoólicos, com ótimos riesling e alguns da uva pinot noir (que aqui é chamada de spätburgunder).
  • Franken (Francônia)- vinhos sem grandes atrativos, feitos das cepas locais müller-thurgau e sylvaner.
  • Hessische Bergstrasse - região bem pequena, que produz ótimos riesling secos e alguns vinhos doces como o eiswein (falarei deste aqui mais tarde).
  • Mittelrhein - riesling concentrados e ácidos, quase nunca exportados.
  • Mosel - Saaar - Ruwer - esta é a região mais conhecida e a que mais exporta, com excelentes riesling (é a mais fácil de se encontrar aqui no Brasil). 
  • Nahe - vinhos feitos com riesling e com müller-thurgau e envelhecidos em barricas de carvalho.
  • Pfalz (Palatinato) - apesar de ser a região onde se origina o Liebfraumilch, há aqui ótimos vinhos produzidos com uvas riesling e com variedades da Borgonha (como a pinot noir) adaptadas.
  • Rheingau - terra de maravilhosos riesling doces e meio-doces, que a gente às vezes encontra por aqui.
  • Rheinhesen - região muito extensa, e sem grandes predicados (daqui também sai o quase onipresente Liebfraumilch...)
  • Saale-Unstrut - região de vinhos secos. Esta área esteve por décadas sob o domínio comunista da velha Alemanha Oriental, o que significa dizer que foi meio abandonada e descuidada ...
  • Sachsen - é a menor região do país, e produz vinhos secos à base de riesling, müller-thurgau, weissburgunder (pinot blanc) e rülander (pinot gris).
  • Württemberg - região de vinhos mais secos e pouco exportados.
Ainda falta falar sobre a classificação dos Qualitätswein mit Prädikat (que significa algo como Vinho de Qualidade com Predicados Especiais), e que são o topo da lista - mas isso fica para um próximo post.

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